Resenha - 'A Casa do Dragão' T01E01


A tão esperada volta ao universo de Westeros finalmente aconteceu na noite deste domingo (21). "A Casa do Dragão", spin-off da amada "Game of Thrones", estreou nos canais HBO e na plataforma de streaming HBO Max. A série se passa 200 anos antes dos acontecimentos da obra original e nos apresenta a família Targaryen como protagonista reinante, em meio a disputas comerciais, batalhas entre famílias e maquiavélicas tragédias orquestradas por psicopatas famintos por poder.

Neste primeiro episódio, nos concentramos em construção de mundo. Apesar de ser o mesmo familiar lugar que aprendemos a conhecer alguns anos atrás, temos mudanças significativas no ambiente. Dragões coloridos convivem junto de humanos, pouco se fala em Winterfell e também pouco se fala de magia em si. A série foi competente em mostrar como Westeros - principalmente King's Landing no episódio 1- era muito mais cheia de cor e vivacidade na época dos Targaryen.

E ao contrário de GoT, sua antecessora, "Casa do Dragão" parece se concentrar muito mais em questões políticas e filosóficas do que em cenas de ação e fantasia. A trama do primeiro episódio se contornou em volta de um rei incapaz e de sua filha injustiçada.

Talvez um excelente nome para o T01E01 teria sido "As Feridas de um Rei". Explico:

Ao longo da trama, várias vezes o Rei Viserys I demonstrou sua trágica habilidade de liderança. Conforme o próprio George R R Martin mencionou, Viserys não foi feito para o trono. E até o trono o rejeita, causando feridas físicas em seu ocupante. Demonstrando ainda mais esse fato, Viserys prolongou sua fama trágica ao escutar conselhos de seu Maester e acabar sendo o responsável por matar sua própria esposa durante o trabalho de parto, consequentemente perdendo também o natimorto filho.

Na outra ponta, temos Rhaenarys. A filha que queria ser a herdeira, porém que esbarrava nas tradições machistas de Westeros. O episódio constrói muito bem a dinâmica que envolve a garota e no final, quando a trama se resolve, vemos que ainda há muito a ser desconstruído na jornada da nova sucessora do trono. A série daqui para frente será toda de Rhaenerys.

Alguns outros destaques foram Matt Smith como Daemon Targaryen e Rhys Ifans como Otto Hightower. Os dois tem um carisma que evoca Peter Dinklage e Liam Cunningham em Game of Thrones. Particularmente, Smith entrega uma das performances mais cativantes de todo episódio.

Resumindo, a primeira iteração da nova aventura de George R. R. Martin certamente empolgou. Mostrou um lado mais cru de Westeros e apostou na filosofia mais do que na ação. Além disso, conseguiu espalhar um pouco de lore no final do episódio e conectar a nova série com sua antecessora.

O começo foi promissor, agora cabe nos ver até onde Ryan Condall e George Martin querem nos levar com a história da trágica queda dos Targaryen.

Fabio Silverio

Redator e colunista sobre TV, streaming e cinema. No Twitter como @fagulhu