Trem Infinito: Criador comenta remoção da série pela HBO Max


Owen Dennis, criador de Trem Infinito (Infinity Train), falou hoje em sua newsletter pública sobre a remoção de sua criação, bem como de outras animações, da HBO Max. Não é nenhum segredo que o serviço vem removendo diversos filmes e séries recentemente, principalmente animações do Cartoon Network.

"As pessoas estão trabalhando por trás das cortinas há dias tentando descobrir o que está acontecendo. Milhões de ligações, mensagens e e-mails foram enviados, mas o problema é que a Warner e a Discovery estão passando por uma fusão por completo. Isto significa que as pessoas com quem você normalmente conversaria foram demitidas, realocadas ou deixaram a companhia, então ninguém sabe como conseguir as informações que buscam no momento," comentou o criador.

Dennis também disse que a Warner o garantiu que a série não será removida de nenhum serviço de compra, como por exemplo o iTunes dos Estados Unidos, onde os consumidores podem adquirir a animação para assistir digitalmente. Além disso, a empresa também disse que a série não será usada como forma de quitar impostos, como aconteceu com Batgirl e Scoob! Holiday Haunt.

De acordo com os contatos de Owen, as remoções deveriam acontecer apenas na próxima semana, para que o Cartoon Network pudesse contactar os criadores e explicar o que iria acontecer. "O Cartoon Network os avisou para que não fizessem isso, já que poderia prejudicar relações com os criadores e talentos, mas eles claramente não se importam com a imagem que isso passa ao público, muito menos com nossos sentimentos sobre."

Embora deixe claro que ninguém sabe ao certo o que está acontecendo, Owen comenta que o consenso entre as equipes é de que a ordem da Discovery para remover os conteúdos é uma forma de economizar com o pagamento de animadores e artistas seus direitos de royalties por seu trabalho, assim como músicos e atores envolvidos nas produções. Vale lembrar que, além do streaming, qualquer menção às séries feita nas redes sociais do CN foram apagadas, como tweets e vídeos no Youtube.

O criador também duvida da justificativa que a Discovery enviou à CNBC sobre as remoções, dizendo que se tratavam de conteúdos que não eram "frequentemente assistidos": "Se eles pudessem realmente chegar em alguém que sabe o que está acontecendo, e realmente fosse sobre a frequência, a Discovery falhou em mostrar estatísticas ou informar a métrica pela qual está se baseado. Em todas as medições publicamente disponíveis, Trem Infinito tinha até 91% mais demanda do que outros títulos infantis [nos Estados Unidos], e no seu pico foi 17x mais popular que outras séries de TV, e até ontem à noite ocupava as posições #1, #2, #3 e #5 do iTunes para crianças e famílias, estando no top 20 geral da plataforma."

Owen Dennis encerra a newsletter prometendo continuar indo atrás de informações sobre a situação atual e o futuro da série, e também encoraja os fãs a falarem sobre a série, para que as pessoas no comando da Discovery prestem atenção ao barulho que Trem Infinito pode fazer, e percebam seu valor. Ele também discute o ato de piratear o desenho: "Estamos falando sobre arte. Arte é para as pessoas que querem ver e experienciar, ela molda nossa cultura, é a coisa mais humana que humanos fazem. [...] O problema agora é que boa parte da arte conhecida é propriedade de cinco corporações multinacionais. Isto significa que nossa cultura também é propriedade deles. Se a cultura é nossa, então a história também é nossa, bem como o acesso à ela."

"Então a pergunta se torna: se uma grande corporação me impediu de acessar minha própria cultura, está tudo bem eu assistir uma cópia que não gere nenhum dinheiro para eles, não cria escassez de arte e não deixa uma marca nas métricas de alguns algoritmos? Só você mesmo pode responder isso."

Você pode ler o texto completo escrito por Owen Dennis aqui.